Um objetivo de vida sempre foi ser
feliz, o da maioria das pessoas é, claro, mas alguns levam isso bem
a sério, velas de aniversário, cílios, placas de carro, estrelas,
ondas do mar.
E repete-se:
felicidade,
felicidade,
felicidade...
Nada mais natural ao decurso da vida,
mas às vezes chega aquele momento em que se pensa, será que esse é
um objetivo de vida?
Para que servem metas se
fazemos planos e mais planos somente para que a vida os desfaça na
nossa cara. Se subimos tão alto, só para ser maior a queda.
A felicidade plena é realmente
necessária? Ou melhor, ela realmente existe, ou é um mito criado
para as crianças pararem de pedir presentes caros para os pais,
ou milagres imediatos para Deus?
Fica bem mais fácil, não? Jogar tudo
para um propósito de vida que nos atrai à essa busca incessante por
felicidade plena e paz duradouras.
Sem nem ao menos saber se realmente
existe. Alguém já chegou lá? Alguém sabe como é?
A felicidade, assim como a tristeza, são
drogas viciantes, que disputam os nossos corpos e mentes como os
narcóticos disputam pelos viciados, ou como dois viciados disputam
pela última pedra de crack.
Na tristeza, quando se entra, entorpece,
e se torna quase impossível sair.
E a felicidade, ah, essa é ainda mais
tóxica e cruel, ela é como heroína se apresenta em
pequenas doses, e nos faz dar tudo, absolutamente tudo, em troca
de um pouco mais, e nós damos tudo, na esperança de que a sensação
seja plena e duradoura.
O mundo em que vivemos não permite que
nenhum exista plenamente, em toda felicidade há tristeza, e em toda
tristeza há enlevo.
Mas se não podemos parar, que faremos,
então? Lutaremos por propósitos plenos e fantasiosos, ou nos
deixaremos cair em realidade dura e funda? Enquanto o relógio
ecoa ao fundo: tic tac tic tac. Se atente.
Neste mundo possível, não há resposta
para essa pergunta.