terça-feira, 15 de maio de 2018

Reflexo idealista

Enquanto nos olhamos no espelho e não reconhecemos o que vemos, talvez não por não nos conhecermos o bastante, nem por termos mudado, mas por esperarmos ver algo que não somos nós. 
Algo que é construído nessa realidade imensa, algo que construímos baseados no que nos disseram que era correto. 
Quem somos nós frente ao que idealizamos como nós? 
Quando tudo já foi escrito, eu me pergunto, o que nos resta?
Talvez sejamos isso, talvez sejamos algo mais. 
Talvez não devessemos nos limitar ao que o mundo espera ou a imagem que nós tomamos como objetivo a ser atingido. 
Talvez esse objetivo possa ser caminho, mas não fim.
Nunca o fim. 
Porque somos bem mais do que tudo isso. 
Somos um mundo inteiro esperando ser descoberto - e com ser descoberto me refiro especialmente a auto descoberta.
Somos almas selvagens ansiando pelo instante em que serão libertas. 
Que saem a  noite, 
ao redor de uma fogueira, 
dançando na floresta.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Fragmento

Aqui estou, aqui estamos. 
Nessa busca incessante por algo que nem sabemos se algum dia iremos encontrar.
O porque da felicidade ser um objetivo de vida, é uma coisa elementar.
O motivo de não nos darmos conta de que talvez ela não passe de uma ilusão a qual nunca alcançaremos, somente em pequenas doses nas quais nos agarramos desesperadamente.

Isso sim é peculiar.

É como provar amostras grátis de um produto incrível sem nunca encontrar o produto em si para comprar.
Matamos e morremos por isso.
Vivemos por isso.

Então se vivemos por uma ilusão, seria a nossa vida também nada além de uma ilusão?
Construída sobre os corpos e o sangue que a vida derrama sobre a terra.
E um dia, seremos tijolos na construção.

domingo, 7 de janeiro de 2018

Essa tempestade forte que me incita o instinto

Essa chuva me embala, e me leva inconscientemente. 
Antes que eu perceba, já é tarde demais, estou absorta na leitura dos textos de Bukowski, ou agarrada à caneta e ao papel deixando as palavras tomarem conta de mim enquanto eu tomo conta delas.
Esse som de chuva, chuvisco, temporal, atemporal.
Parece durar eternamente.
E eu sou grata por isso.
A energia falhou, e somente me ilumina o corpo nu a luz cálida e tímida de uma vela velha, perdida e achada na terceira gaveta da cômoda empoeirada, em frente a qual concebo agora.
Nesse sábado a noite, 
deve ter algo errado comigo.
Deveria ter percebido quando escrevi um livro inteiro, e apaguei. 
Ou muito antes disso.
Na verdade acho que eu sempre soube.
Mas tudo bem.
Tudo bem.
Ela continua a me chamar, cada vez mais perto,
E então as amarras que me seguram se soltam, e eu corro assim como estou em direção às gotas frias da chuva.
No mais puro instinto.
As gotas são frias, mas tão sublimes que são incapazes de causar qualquer desconforto.
Então eu caminho descalça e despida na chuva fria que cai sobre a minha pele quente mas não tão quente assim,
E danço enquanto sinto minha alma saltar e se libertar
Nada mais vai lhe prender, digo à ela,
E tudo bem.
Tudo bem.