domingo, 7 de janeiro de 2018

Essa tempestade forte que me incita o instinto

Essa chuva me embala, e me leva inconscientemente. 
Antes que eu perceba, já é tarde demais, estou absorta na leitura dos textos de Bukowski, ou agarrada à caneta e ao papel deixando as palavras tomarem conta de mim enquanto eu tomo conta delas.
Esse som de chuva, chuvisco, temporal, atemporal.
Parece durar eternamente.
E eu sou grata por isso.
A energia falhou, e somente me ilumina o corpo nu a luz cálida e tímida de uma vela velha, perdida e achada na terceira gaveta da cômoda empoeirada, em frente a qual concebo agora.
Nesse sábado a noite, 
deve ter algo errado comigo.
Deveria ter percebido quando escrevi um livro inteiro, e apaguei. 
Ou muito antes disso.
Na verdade acho que eu sempre soube.
Mas tudo bem.
Tudo bem.
Ela continua a me chamar, cada vez mais perto,
E então as amarras que me seguram se soltam, e eu corro assim como estou em direção às gotas frias da chuva.
No mais puro instinto.
As gotas são frias, mas tão sublimes que são incapazes de causar qualquer desconforto.
Então eu caminho descalça e despida na chuva fria que cai sobre a minha pele quente mas não tão quente assim,
E danço enquanto sinto minha alma saltar e se libertar
Nada mais vai lhe prender, digo à ela,
E tudo bem.
Tudo bem.

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