quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Algumas palavras tem os sentidos mais diversos imagináveis

Se eu dissesse que não controlo minha mente, ela que me controla, estaria sendo paradoxal? Uma vez que nossa mente somos nós e nós somos nossa mente, seria possível nos separar dela?
Mas eu repito, amor é tudo aquilo que dissemos que não era, ou quase tudo. E no escuro me vejo, enquanto te espero na hora morta, percebo que a culpa nunca foi de ninguém, nem sei se há algo a se culpar. A necessidade humana de enfiar a culpa em alguma alma alheia é tamanha que ultrapassa os limites da razão e da decência. Mas que diabos é mesmo essa tal de decência? Porque, particularmente, me recuso a aceitar os conceitos pré-concebidos que ensinam por ai.
Uma queda brusca de energia em meio a um texto me soa indecente.
Uma construção que obstrui uma paisagem, soa indecente.
O excesso de luzes e prédios cinza e sem vida que impedem de enxergar as estrelas à noite e a falta de bosques nessa cidade, me parecem extremamente indecentes.
Acho que escreverei um livro, sobre coisas indecentes, ou sobre os conceitos tão errados que as pessoas mais velhas ensinam às mais novas, que quando se tornam velhas ensinam também, e criam esse ciclo vicioso de ignorância e indecência. Acho que gostei desta palavra. O livro provavelmente ficará juntando poeira na estante da livraria caso o funcionário que cuida dela seja meio indecente.
Mas tudo bem, escreverei mesmo assim só pelo prazer ou pela necessidade, e se uma única alma entender o que eu quero dizer, já me dou por satisfeita em 101%.
É algo raro de se encontrar hoje em dia, alguém que entende, e se estivesse há cem, duzentos ou quinhentos anos atrás, poderia dizer o mesmo. O problema não é o tempo, o problema são as pessoas e o mundo que continua igual mesmo depois de milhares de anos, somente com mais danos ao ambiente e mudanças sutis e superficiais. Se você para pra pensar direito, tudo continua o mesmo.
O mundo é decepcionante, quanto mais você descobre, mais quer descobrir e ai chega aquele momento em que as coisas que você descobriu te consomem e te sufocam como areia movediça, como as nuvens sufocam o céu quando o dia está nublado. E ai você quer esquecer tudo e voltar à visão medíocre e maravilhosa, mas percebe que não dá. Então, por fim, você senta, acende um cigarro, esvazia uma garrafa e espera, ou escreve, ou qualquer coisa que te mantenha longe das pessoas,
e o mais próximo possível da sanidade.

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