Nem todo jardim tem flores...
seu corpo naquele vestido vermelho com aquela meia calça rasgada, desconcerta quem olha.
Seu olhar de desprezo varre as ruas.
Você diz que só quer se divertir, mas eu sei, meu bem, você está tentando fugir.
Mas tudo bem, você consegue enganar os outros, mas não a si mesma, não é? Por mais que você tente, sua mente não deixa. Mas está tudo certo, enquanto tiver uma garrafa de absinto, ou de qualquer vodka barata que encontrou no posto de gasolina.
O álcool entorpece e você gira e gira e não pensa. Eu sei quem você é. Eu sei como é.
Enquanto você finge que é isso mesmo o que quer, teus segredos estão sendo desvendados.
um.a.um.
Você se lembra tão claramente daquela noite, não é? Quando aquele líquido vermelho escorreu do teu pulso pelo corte que você mesma fez.
Mas fique calma, meu bem, agora você foge do silêncio do teu apartamento, com medo que isso se repita.
Ninguém ouviu seu grito contido naquele dia em que você deitou, olhou para o lado e viu um líquido vermelho fluindo por uma abertura imaginária. Quase esquizofrênica. Mas você pensou naquilo por dias. Alguns diriam que você precisa de terapia, mas você acha que álcool é o bastante.
Você observa a moça das flores e a inveja por ter perspectiva, seria muito mais fácil, não?
Entre as luzes noturnas, da lua e da rua e do bar.
ela passeia pela noite.
E pela manhã,
nem mesmo se houvesse silencio,
ouviria-se os soluços contidos de desespero.
...mas alguns tem
Ela vive em meio ao caos, um jardim do mal. Na busca pela sobrevivência, e puramente sobrevivência, ela, como único ponto de luz de uma ilha inteira escurecida, se encarde com a sujeira dos demais.
Ela carrega flores, nas mãos, nos lábios, nos olhos.
A noite é longa e pesada, o barulho dos carros, as luzes e as cantadas de bêbados nauseantes.
Mas se torna ainda pior quando eles tocam sua pele suave com aquelas mãos imundas de rua e malícia.
A dúvida permeia cada contato, as más intenções nunca ficam visíveis até que seja tarde. E aí, bom, é tarde.
A inveja a consome quando vê alguém que gosta do que faz. A moça de vestido vermelho em seu prazer habitual. Ah como você também queria gosta não é? Tornaria muita coisa tão mais fácil.
O mundo fode com você, e você fode com ele. Mas a esperança te mantém viva, ao menos em corpo.
Ela passeia pela noite.
E pela manhã,
nem mesmo se houvesse silencio,
ouviria-se os soluços contidos de desespero.
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